sábado, 31 de julho de 2010

Sonho Impossível

Composição: J.Darion / M.Leigh / Ruy Guerra

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Drummond

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

Carlos Drummond de Andrade

Vincit Omnia Veritas

por Francisco Jr.

Eu começo esse texto perguntando a você o que a verdade representa para a sua vida? É possível ser feliz sem ser verdadeiro?Ou a verdade é a maior antagonista da felicidade? Têm gente que fala tudo o que pensa sem mensurar as consequências. Mas será que falar aquilo que somente o outro quer pra evitar conflitos é ser verdadeiro?

Acho que nos dias de hoje não é nada fácil tentar ser verdadeiro. As pessoas não estão preparadas para saberem o que é real, preferem viver na ilusão da mentira.

A verdade em muitas casos fere, maltrata, corrói e lidar com essas consequências não é pra qualquer um. É como uma arma e você tem que saber usá-la no momento apropriado. Ao mesmo tempo te traz confiança e segurança mas quando usada indevidamente pode levar a danos que não tem volta.

Creio que nas nossas vidas temos que fazer escolhas, e talvez a mais dura dela é optar por falar e fazer aquilo que se é real, mesmo que essa realidade não seja a desejada. Ser sincero não é estilo de vida, é questão de ser consciente e acreditar que se paga um preço pra crescer, aprender e amadurecer. Do que valeria a vida sem isso? Iria contra o que se chama de evolução, e evoluir faz parte de um processo mais complexo que se chama VIVER.

Há um ditado em latim que diz "Vincit Omnia Veritas" que significa "A verdade vence todas as coisas", e já que a vida é uma eterna batalha precisamos nos armar pra enfrentar os nossos desafios.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Bodas de Carvalho


Em tempos de tantas notícias ruins, daquelas que a gente tem até medo de ligar a televisão pra assistir o telejornal, eis que me deparo com uma matéria do jornal O Globo que vai contra a maré das desgraças. Engraçado, porque hoje numa das manchetes do jornal local estava o fim do casamento da Cláudia Raia e do Edson Celulari, um dos casais mais legais de se ver. Lá se foi um balde de água fria nas minhas esperanças de acreditar em casamentos eternos rs. Só pra acabar de vez mesmo se a Glória e o Tarcísio se deixarem rs. Mas como diria os mais positivistas " a esperança é a última que morre". A notícia é antiga e como eu gostaria que no meu dia a dia eu lesse mais coisas assim. Ainda me faz acreditar que apesar de tudo a vida ainda é bela.


"O casal britânico Frank e Anita Milford comemora nesta segunda-feira o aniversário de 80 anos de casamento.

Acredita-se que o casamento dos dois é o mais duradouro em existência na Grã-Bretanha. Frank, de 100 anos, e Anita, de 98, se conheceram em 1926 e se casaram dois anos depois.

Eles têm dois filhos, Marie e Frank, ambos com mais de setenta anos, e dezenas de netos e bisnetos.

Eles se casaram na cidade de Torpoint. Desde 2005, o casal mora em um lar para idosos em Plymouth, no sul da Inglaterra.

Em entrevistas, Anita costuma dizer que um dos segredos do casamento feliz e longevo é "dar um beijinho" toda noite antes de dormir.

"É nossa regra de ouro", diz ela.Segundo o jornal britânico The Guardian, o casal vai comemorar as bodas de carvalho em uma festa no lar de idosos em Plymouth, ao lado de parentes e amigos.

O Livro dos Recordes Guinness registra que o casamento mais duradouro da Grã-Bretanha foi entre Thomas e Elizabeth Morgan. Eles se casaram em maio de 1809 e ficaram juntos por 81 anos e 260 dias.

(Fonte: O Globo, em 26/05/2008)

Simplesmente , Clarice.


"Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar."

Clarice Lispector




domingo, 25 de julho de 2010

O Romantismo e a Realidade

por Francisco Jr.

Ultimamente tenho pensado muito sobre o romantismo no dias atuais. Será que ele ainda existe? Ou será que ele ganhou uma nova roupagem e eu ainda não consegui identificar? Engraçado como os acontecimentos nos fazem desacreditar nele. Ás vezes parecemos até patéticos em querer viver algo tão encantador, sublime, eterno e somos interrompidos por um sonoro "Acorda Alice" de alguém. Será que desejar ser ou ter alguém romântico já se tornou tão irreal assim? Eu creio que não. Se sim, espero continuar sonhando pra sempre.

Tão bom é sentir o carinho de alguém por pequenas atitudes, muitas tão simples mas que nos marcam eternamente. Ou vai me dizer que é ruim alguém te presentear com um "comprei isso pensando em você", mesmo que esse presente seja apenas o teu bombom preferido? E por que será que isso se torna tão raro?

Olhando pro panorama em que vivemos é muito fácil de se saber a resposta. Vivemos num mundo onde somos impostos a olhar apenas para os nossos próprios umbigos. Individualidade virou a Nova Ordem Mundial.

A gente só quer o alguém romântico, o alguém legal, o alguém que nos ame eternamente. Difícil é ser esse alguém. Somos tentados e direcionados a não ser esse alguém e nos deixamos levar facilmente. Afinal, é ou não difícil ser fiel à alguém? Mais complicado ainda é "abrir mão" de oportunidades e coisas por alguém. Sempre nos vêem a mente e ao coração o sentimento de medo, acompanhado na maioria dos casos do seu fiel amigo decepção. Sim àquela que sussura no teu ouvido " você já fez isso uma vez e se deu mal, vai querer se danar de novo?". É uma mistura de sentimentos e pensamentos que provocam uma turbulência de confusão em nós.


Muitas vezes dá vontade de desistir e desacreditar. Ou pelo menos se modernizar. Pensar que o recíproco agora tem uma via só. Será que vale a pena? Todo dia me pergunto isso e incrivelmente todo dia recebo uma resposta da vida. Engraçado que a resposta é sempre negativa. A cada decepção vem a vontade de querer ser e fazer diferente, de se permitir e acreditar nos meus ideais. De refutar qualquer conselho que me leve a desistir.
Crer que ainda é possível amar e ser amado. E ver esse amor nas atitudes do dia a dia e não apenas nos caracteres do twitter.

No dia que chegarmos a conclusão que não existe melhor amor que o próprio estaremos mais aptos a amar verdadeiramente alguém e nos entregar sem medo.

Viva, chore, ria, ame ,se apaixone, sofra, permita-se - e não tenha medo de ser você - mesmo que você seja #fail nos dias atuais.

Geração Tribalista

Caraca, quanto tempo hein. Há dois anos que não postava aqui. E ultimamente tem acontecido umas coisas que me deixaram com mais vontade de escrever por aqui,desabafar.... Tantas coisas... Vou começar postando um texto que li no orkut do meu amigo Elder Nylander, não sei de quem é a autoria mas ele expressa de forma simples tudo o que eu penso sobre relacionamentos amorosos nos dias atuais.



"Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates e gandaias, levanta os braços, sorri e dispara:

'... eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também...'

No entanto, passado o efeito do whisky com energético, e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração tribalista se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas
animadíssimas é legal? Evidente que sim.
Mas por que reclamam depois?

Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que toda ação tem uma reação? Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua,
namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja, é preciso comer o bolo todo e, nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber
se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram.
"Ficar" também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.
Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que
namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim, como só deseja a cereja do bolo tribal, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas, e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que amar se aprende amando. Assim, podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram
passados. Somos livres para optarmos.
E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico
e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da tão sonhada felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as
surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém,
é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida SOLIDÃO... Seres humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que se unir ao outro"

Autor desconhecido